Saturday, July 14, 2007

o resto dos dias | draft



[...] A páginas tantas está escrito que aos arquitectos compete e comete o projecto na exacta medida da profissão e nada mais. Pois que o que dele se obra, o construído que se fará ou não
do acordo que foi feito, pertence a diversa senhoria. E de, como se deverá exigir. Nesta redacção de circunstância feita no extremo do consenso se deposita o que resta, despojado o traje do acidental pó da caminhada. Faz parte do juízo a convicção de que a justa causa não produz o nefasto acidente mas que na injusta este se revê. Parece moral mas não se quer assim pois apenas divaga no âmago do projecto, não evocando para este outra história que não seja a do futuro. Por isto é de todos cada um dos projectos de que este se faz. E de cada um, como diria o dito. E nestes o da arquitectura [que o ocidental acaso fez sucesso] vai apenas exigir a profissão que é como quem diz o ofício que o comprometimento ético exige ao serviço que a arte de intermediar entre o desejado e o concreto obriga. O resto é história e desta não se extraia causa. [...]

in O Manifesto da DesOrdem, peça avulsa para ex[er]citar os neurónios [p´ra que disparem como diz a gíria] Assim se vai dando notícia do corpo dado ao manifesto.


Friday, July 13, 2007

os aprendizes




Uma sucessão de mensagens e alguns dos temas que lhe inflamaram a substância trouxeram[-me] à memória este desenho acima reproduzido.


Caleidoscopicamente pensando a arquitectura oficial do ocidente é tão incontornável como a génese
toscana da qual toma o veio. Feito um caminho hoje vivemos atravessados pela indiferença e sem remorsos. O cinismo não tem berço, é título de açambarque no mercado. Comenda nos círculos no novo-riquismo dominante.

Quanto ao desenho do feiticeiro foi revisto numa excelente leitura de 96 que relembro nesta segunda Sexta 13 de 2007. Supersticiosos?





Thursday, July 12, 2007

Wednesday, July 11, 2007

sms e as catarinetes


De um grupo de costureiras com casa posta na Reboleira [mas que preferem manter os anonimato] recebi o seguinte sms:

Bloguista cretino associa candidata às costureiras. Nós fazemos obra nova, não andamos a cerzir. Antes alternadeiras que cerzideiras. Essa que se diz arquitecta não vai ter o apoio do nosso grupo profissional. Costureiras por LX [ml®]

Tentei colher informações junto da lendária costureirinha da Sé [do Porto] mas tem o telefone cortado [falta de pagamento ou cabo traçado pelas obras na avenida da ponte, suponho]. Fico assim sem muito mais que dizer acerca deste assunto, a não ser que tudo terá começado, porventura, na minha invectivação Valha-vos Santa Catarina padroeira das costureiras! dirigida aos provincianos estacionados em Lx e que aí portanto são votantes. Aludia eu à possibilidade das mezinhas da ex-bastonária poderem não surtir qualquer efeito para requalificação da vida urbana. Daqui a dois anos estaria tudo na mesma ou pior e os independentes passaram a bestas sem mais, apenas porque são cidadãos por qualquer causa.

Quanto à questão das padroeiras fui de facto eu quem introduziu a Santa Catarina na campanha, mas por associação de ideias e apenas para dar uma palavra de alento e esperança aos lisboetas. Afinal precisam de alguém que os proteja e se não for santo ou santa bem podem esperar por um milagre sentados em vão de escada. Se optei por Catarina, embora não especificando se se tratava da de Alexandria, a Megalomártir, ou de Sena, a co-padroeira da Europa, posteriormente fiquei assaltado pela dúvida. É que a primeira tem festa a 25 de Novembro e a segunda a 28 de Outubro. Feita a pesquisa a que as meninas da Reboleira me convidavam acabei por me decidir pela de Alexandria. Embora a de Sena com um campo de protecção menos alargado sempre protegesse os estilistas [juntamente com as pessoas com dores de cabeça e ainda que se mostre eficaz contra incêndio] o que para a circunstância foi o mais parecido com a arte. Pareceu-me que a protectora dos estudantes, dos filósofos, dos bibliotecários, dos ciclistas, dos moribundos, contra a morte repentina, contra o aborto e contra acidentes de trabalho, a princesa de Alexandria, tirando as partes dos estudantes, filósofos e bibliotecários, até se ajustava sem grande manobra da imaginação. Estava nestas elucubrações quando alguns bits do outro lado do Atlântico deram sugestiva pista: as catarinetes!

Instalada a indecisão e verificada a incompatibilidade decidi pôr-me de lado na polémica e aconselhar que se esmerem no discernimento de alguma protecção realmente eficaz. E o diabo que escolha.


Tuesday, July 10, 2007

os vereadores coristas



Adormeci com a
canção de Lx, um quase monocórdico uníssono a doze vozes gastas [havia dois fadistas esganiçados a tentar destoar mas é só porque da letra, nada]. A pompa e circunstância com que a produção engendra estas encenações convenhamos que também não ajuda. O vaivém ao exterior era um deserto doloroso e a ginástica dos câmaras [uns e outros por dever do ofício] de atroz desconforto. Desenganem-se os que acham que ainda há animais no zoológico político. Por vezes algum levantava ligeiramente a voz e, ora à esquerda ora à direita, lá se me levantava a pálpebra. A oficiante Fátima pedia aos candidatos que fossem mais sérios e menos políticos num desajustado exercício de rédea curta em manobra de salão nobre. A música ajudava aos maus presságios.

Num país que é só província com montra única pouco mais seria de esperar, e a um espectador localizado sem interesses imediatos apenas se mantém a dúvida da comparação entre pares. Ainda assim são cidades com rio a correr para o mar, até que o estuário quebre o ímpeto às cinzentas águas que se vão vertendo.

Quando acordei fiquei com sérias dúvidas acerca do entendido e o realmente sonhado. Será que ouvi a candidata afirmar que os problemas da cidade nada tem a ver com a arquitectura? Seria extraordinário, ou talvez não. Posso tentar compreender um primeiro que se esgueira para estar mais perto da Angelina Jolie, c’os diabos [à solta] e até um outro que se aconchegue às couves de Bruxelas, mas fugir alegremente de si a cada desafio… A cerzideira [como poderá vir a ser conhecida ainda que insista na acupunctura] resolve agora tudo com pequenas intervenções de ínfimos resultados como, ao invés, a ordem e a reforma da legislação em que se empenhou, empunhando publicamente a bandeira dos cidadãos pela causa do duvidoso seu a seu dono, faliu com a grandeza do gesto. Abandonados de mãos atadas. Reincide agora, esquecida a memória curta de trabalho, em debruar os passeios, pespontar as praças e casear o cabedal do tecido urbano. Valha-vos Santa Catarina, padroeira das costureiras! [a segunda voz do plural designa os provincianos que estão estacionados em Lx].

À cortesia despropositada de começar pelas senhoras associou-se o destilado profissional, o que desequilibrou o julgamento. Talvez, fica a dúvida.

Tirando os já citados fadistas e o produto da terra, ficam os profissionais a dar conta de si, que é como quem diz do seu eu. De exercícios desiguais uns fazem o que têm a fazer outros tentam fazer o que não sabem. Cinzentos deixam apenas recortar por contraste a única cabeça que se usa e os tem ainda fartos e negros, os cabelos. O Garcia Pereira nunca deixa créditos em mãos alheias, e perdoe-se[-lhe] a descabelada ideia de contribuirmos [ainda mais!] para o sustento da capital do império.

Domingo se verá com quantos paus se faz a canoa ao estuário.