Thursday, May 31, 2007

ah! mas são verdes!

Nas últimas 24 horas foram disponibilzadas [TED | ideas worth spreading] as intervenções [TEDTALKS] de Ngozi Okonjo-Iweala, John Doerr, Blaise Aguera y Arcas. Não querendo ser um placard de postites [notícias requentadas em doméstico micro-ondas] não resisto a fechar o Maio assim mesmo. Acresce uma outra [esta noticiam dos telejornais] cujo peso, senão o simbólico actuar, não se deixará à indiferença: James Watson, que com Francis Crick pôs a girar a dupla hélice disponibilizou hoje [na WWW] a sequenciação completa do seu genoma. Sem rede, poder-se-ia ironizar.

Deixando o nosso caro Watson como reserva para futuras investigações, fico-me pela escolha do vídeo de John Doerr. Ainda que não precise de razões esclareço as circunstâncias. Há menos de 24 horas atrás caiu na minha caixa de correio electrónico a mensagem que trazia anexas as talks e as recomendações. Sincronizavam-se assim [vi quase logo] os modos diversos da comunicação pública [via Internet] das conferências TED gravadas em Março deste ano em Monterey. Colocados os auscultadores e disparado o play ficou quase instantaneamente decidido que me ocupariam a escrita de post próximo. E, vendo e ouvindo J. Doerr, as associações completaram a escolha. A emoção que ele pôs na intervenção acentuaram-na.

Dessas associações deixo o rasto em jeito de programa, ou sumário para enigmática provocação de futuras escritas. As cores com que fazemos marcação do tudo e do nada, dos dias e das noites, dos sonhos e dos pesadelos, da direita e da esquerda, do céu e do inferno, exigiram-me a invenção da etiqueta daltonia para processar o planeta verde que a conversa [talk] sublinhava com desejo e, como a diviso [no neologismo apressadamente inventado] entre a dificuldade de ver todas as cores e a exigência mais exacta de as fabricar. E destas a memória haveria de fazer extraordinário link a La Fontaine [a Esopo, a Bocage, e todas as coloridas cambiantes de que as fábulas se constroem] e à sua raposa que das uvas desdenha apenas por própria inépcia: há, mas são verdes…

Retirou-se o verbo e acrescentou-se exclamação por surpresa [contextual] renovada e [algum] cepticismo que se gostaria de ver dissipar. Fica pois: Ah! Mas são verdes!





Wednesday, May 30, 2007

combinações



[a] causa grave

a causa greve
a causa casa

a causa causa

[a] casa grave
a casa greve
a casa casa
a casa causa

[a] greve grave
a greve greve

a greve casa

a greve causa


[a] grave grave
a grave greve
a grave casa
a grave causa


o a faz a diferença da greve|grave
o u faz a excrescência da causa|casa


au au
faz o cão [na língua portuguesa]

e a Europa responde em coro:


wau-wau
(pronunciar vow) ou wuff-wuff [alemão]

bup bup!
[catalão]

haf haf!
[checo]
gau gau [espanhol]
auh-auh [estónio]
hau hau! ou vuh vuh! [finlandês]
wouaff! wouaff! ou ouah-ouah [francês]
waf waf! ou woef woef (waf waf pequenos, woef grandes, kef kef muito pequenos) [holandês]
woof, arf, bow wow (yip yip-yap yap os rateiros) [inglês]
voff voff [norueguês]
how, how [polaco]
vov vov [sueco]


Nota importante: combinações é um exercício de poesia concreta minimalista experimental não devendo pois ser referenciada a qualquer facto do dia-a-dia. Todas as semelhanças com a realidade deverão consideradas à luz da ficção e nada mais. Apenas, e só, meras coincidências.



Tuesday, May 29, 2007

as noites em pompeia



Dormi mal. Há noites assim, curtas. Entrecortadas é uma melhor imagem do que realmente acontece. Explico: a idade avança e o cão ladra. Conjugam-se assim dois factores que estorvam um sono tranquilo. Esta noite foi portanto agitada, como sugeri antes. Para o facto muito contribuem, também, os sonhos em technicolor.

Poderia estar a crocitar sobre as já não muito novas notícias do fim de dia de ontem, ainda da que as da madrugada de hoje sejam apenas a sua versão em forma de letra. Seria de facto surpreendente se as notícias de cada dia, da manhãzinha, fossem como muitos as imaginam, tal qual o pão que na noite o padeiro amassou e cozeu. Tostadinhas, estaladiças, frescas. Só o fuso horário nos traz essa ilusão. Mas as nossas notícias, neste país esguio, não se desviam do tmg , há direita e à esquerda, em cima e em baixo, ainda que sejam de considerar os diferimentos ilhéus. Mas nem estes fazem da noite dia, e vice-versa. Excluída então, deliberadamente, a croniqueta acerca dos candidatos em campanha, independentes e outros, do exemplo que dão, desde o faça você mesmo [a recuperação de um imóvel degradado ou o vídeo para o youtube] ao sindicalíssimo apelo ao futuro desemprego [os a recibo verde da autarquia Lx, 1400, que atentem no risco que foi confiar nos antecessores e nos outros candidatos]. No mais nada de monta, para além da dúvida de uma campanha alegre, ou não, de um pulmão verde, ou não, de uns pós percentuais a discutir entre mais residuais candidaturas com peso, ou não, no futuro executivo. De resto ficam notícias sem mais história, desde a da proposta do banqueiro que foi retirada aos preservativos que a burocracia não aconselha como devia. Além fronteiras que é como quem diz fora Europa vão-se arrastando as mesmas tramas em novos episódios, na África, nas Américas e no Médio Oriente.

Tendo falhado o prometido silêncio sobre as primeiras páginas do dia, regresso ao que me trouxe aqui: o relato breve de uma noite mal dormida.


De facto sonhei bastantes vezes já que o cão não parava de latir, e a cada latido era como os intervalos das séries televisivas, e lá tinha que gramar a publicidade. Por vezes recomeçava, engatando no momento imediatamente após o da interrupção, mas outras lá se ia a sequência. Houve até casos em que acho que trocaram as bobines [maneira de dizer, já que hoje, e no caso, deve ser tudo digital]. Com tudo isto acordei com aquela estranha sensação que nem sequer tinha adormecido. Como se tivesse regressado aos tempos das sessões da meia noite ou até das
maratonas cinematográficas non-stop. Devo referir que à parte estas metafóricas acomodações para as noites de insónia o que de facto merece ser referido é o papel do cão.

Como melhor amigo do homem, como se diz, ajudaria também ao nosso descanso [o cão de guarda é uma espécie de anjo da guarda dos mais
pragmáticos] não fosse o que talvez se possa chamar o seu excesso de zelo. Cuidando os nossos interesses não dá descanso a tudo e todos os que possam constituir real, imaginária, fictícia ou dissimulada ameaça. Por isso ladram, correm, agitam-se, rosnam, crescem, e vão até à mordidela ou mais, a cada sombra, ao vulto desenhado, ao intruso concreto, ao malfeitor palpável. Mas às vezes ficam apenas a correr atrás de moscas imaginadas ou tão efectivas como as próprias caudas perseguidas, como o Lobito e o Joe [com letra maiúscula, claro, pois a merecem os de boa cepa e igual índole] os pastores de diferentes memórias. Mas agora os tempos são outros e há míngua de espaço onde possam viver livres e ladrar ao vento e à caravana que passa.

Ficam por aqui as considerações a uma noite mal dormida [talvez um dia volte para o relato dos episódicos sonhos que por vezes as animam] e da integrada participação do cão. E, porque a referência o avivou, deixo parte de um desses sonhos, talvez no cenário de Pompeia, o Vesúvio ao longe a vomitar fogo e lava, as multidões em correria apavorada. Vejo-me então, atordoado, a olhar os mosaicos policromos e fascinado soletrar lentamente: c-a-v-e c-a-n-e-m [que é como quem diz cuidado com o cão! ou, como outros interpretam, os dentes do cão que a experiência nos convidaria a evitar e o boa conduta precaver].



Tenho apenas um rafeiro desenhado há mais de vinte anos, pensei ao acordar com a inquietação e a ladradura.


Tuesday, May 22, 2007

bola ao post|e|

o e é de electrónico



Depois de uma pausa para a janta [por aqui apenas a acção do frugal jantar + enviesado olhar pelas novas televisivas] volto [21:12] ao posto e sou surpreendido. Na ronda da noite, por acaso hoje até adiantada, verifico que a propósito de comentário em campo alheio atirei a bola ao post. Ainda que não premeditado [logo acidente] explico o lance. Pela tarde odespropósito [sítio de referência da blogosfera na língua de camões, variante víperina dos arquitectos] disponibilizou material variado e despoletou a jogada:
AG passa a Sapo, AM recupera, progride, vai à linha, passa de trivela [a tal invenção quaresmal que manteve a fé portista até ao ultimo minuto do campeonato]. Este humilde escriba recebe, hesita, remata: bola ao post!

É certo que o campeonato já era, que o Puôrto é campeão sofrido, e que só p’róano há mais do mesmo. Mas como se reclama futebol e política…quero também deixar aqui testemunho a quem se avizinhou no comentário ao galardão fortemente simbólico. [ao Tó, águiad'ouro: saudações desportivas!]

Para testemunhar tudo isto e o mais que interesse adianto mais uns passes [embora queira manter a prosa curta].

Quanto aos futebóis da capital o telejornal trouxe candidatos em campanha, incluindo a cidadã-arquitecta-independente [uma lufada de ar fresco], o presumível candidato que se aguarda [!] para um futuro próximo [os arguidos ainda estarão a recolher assinaturas] porque o povo assim o exige [uma lufada de ar fresco]; do tonitruante negrão
cuidem-se os que pisam o risco [uma lufada de ar fresco]; já o número dois que já foi, agora que é numero um tem um arquitecto a número dois e ou vai ou [uma lufada de ar fresco]. Da reserva moral do cantinho lusitano já ouvi ontem e ouviremos amanhã.

Quanto aos futebóis da ordem estamos em stand by e reina uma certa efeverescência, um nervoso miudinho, um sentido de orfandade precoce à mistura com esperanças renascidas [época de transferências].


Quanto aos futebóis da arquitectura mais jet set, cosmopolita, está-se a jogar o torneio capital [LX, com maiúsculas já se vê]. Como se joga tudo, quase tudo, a períodos em que no aproveitar é que está o ganho, quando tudo esperneia, tudo muda, tudo quer mudar, a coisa começa a obrigar e exercícios mais conservadores: E se arranjássemos um cartão que nos apresentasse à sociedade [de modo a calar os vivos e incensar os mortos]? Isso é que era! Espertos que nós somos!


o porto ainda | reserva

Monday, May 21, 2007

os dados e os feitos


Tendo ficado decidido que [este tema continua, logo que seja possível...]... voltamos a referenciar as produtivas estatísticas de Hans Rosling e Gapminder, ainda que, antes, se exijam algumas observações.


Tal como a citação com que em
ver estatísticas se apresentava o autor [H.Rosling] também agora se retira da mesma fonte [video.google.com] uma directiz para cobrir todo o discorrer: "See" how the world is changing.

Junta-se à primeira observação esta
outra, de que devemos olhar de modo a integrar a informação e constituir padrões que nos aproximem dos factores de mudança. É o que a referência Visual imagery can tell stories and truths which would be very hard to capture and communicate otherwise [ainda video.google.com] também nos faz notar, destacando o modo: This is a beautiful lesson in visual communication. A must view for any serious presenter.

A terceira observação é para deixar o aviso: a integração de que se falou está [nestas nossas deambulações] construída na desigualdade do tratamento das informações [e da sua apresentação] sobre as quais uma imagem da mudança tomou forma.

Como exemplo de como essa imagem se presta à distorção [quando o modo a favorece] deixo a possibilidade de sondar [ver!] a mudança nos portugueses entre 1975 e 2004. O gráfico é interactivo e permite experimentar a diversidade das comparações.

Acredito que ninguém possa ficar indiferente à importância dessa mudança qualitativa operada em 29 anos recentes, sobretudo quando olhamos e vemos quem nos faz companhia na área superior direita do gráfico [e aqui direita, no nosso caso, é até ironia...]

Volto agora à coincidência [que referi em ver estatísticas] e me obrigou a contrapor o artigo de jornal [fabricado com base numa miscelânia de estatísticas] à visão que o trabalho de H.Rosling+Gapminder me havia permitido construir e consolidar.

Embora todos desconfiássemos da batota [de que até os mais fundamentalistas seriam praticantes] para longe vão ficando os tempos em que estava [quase] generalizada a crença de que os filhos eram dados. Hoje são feitos.

E esta mudança substantiva configura o nosso dia-a-dia e revela-se na duplicidade das palavras: os dados [data] e os feitos [os factos, a realidade como a construímos].

Dispõe-se assim [como exercício a título de exemplo] da possibilidade de correlacionar o tipo de agregado familiar, a sua dimensão com a descrição do mundo português visualizável no gráfico [© Gapminder Foundation] que utiliza as variáveis life expectancy [years] e income per capita para o construir. Tudo junto ficamos com uma imagem do país de hoje, e mais longe de um passado que parece por vezes manter-se persistentemente agarrado ao nosso presente.

Embora este tema dê pano para mangas ficam [por agora] duas notas de final de conversa.

A mudança é sobretudo qualitativa: interessando menos a dimensão do agregado que as condições de vida dos sobreviventes. Podemos até arriscar que menos tempo é [ou pode ser] melhor tempo. Temos mais vida [mais tempo de vida: mais esperança de vida] e melhor vida.

Esta primeira nota introduz a segunda e não deixa a arquitectura indiferente.

As mudanças na vida atingem no essencial a reflexão sobre as mudanças tecnológicas [é para estas que H.Rosling também chama a atenção] e somadas estão no coração da arquitectura.


Sunday, May 20, 2007

ver estatísticas

Uma coincidência levou-me esta semana para várias e diferenciadas estatísticas. Há já alguns dias que havia decidido chamar a atenção para a abordagem relacionada proposta por Hans Rosling [transcrevo: Professor of International Health, Karolinska Institutet, Stockholm, Sweden since 1998, uses beautiful animated charts and minimalistic diagrams to explain the world we live in. Poverty, money and health can be seen at once shaping or being shaped by world events, technology and the passing of time]. Porque aceito este tipo data, o seu tratamento, e no caso a idónea figura do proponente, como relevantes para o campo da arquitectura. Quanto à performance deixo o correspondente vídeo, para que se veja [tedtalks2006].

Acontece que outras estatísticas tiveram tratamento jornalístico neste final de semana. Delas os comentadores extraíram títulos chamariz, cruzamentos e conclusões mais ou menos obtusas [e, querendo-as ou não, insinuações mais que discutíveis]. Embora sem o mérito que me havia seduzido na investigação e apresentação de H.Rosling [muito, muito longe disso!] também os artigos propostos se relacionavam [directa e indirectamente] com a arquitectura. E só por isto aqui os refiro.

Deixando o melhor para o fim [e este é também um bom tema para observar no futuro] vamos então às estatísticas que se cruzaram este final de semana.

Os portugueses que constituem família 'não querem ter mais tempo para a família' [!?]. A extravagância da afirmação sedimenta-se no fundo sobre o qual se destaca: 'ao contário da maioria dos europeus'. Assim feitos excepção, aves-raras, degenerados ou heróis [interessa mais a diferença que se exige, o desvio, do que qualificativo] os nativos ficam cercados, circunscritos, portugueses. Bom, mas o que dizem os dados do INE que agora se divulgam e que estavam contidos no Inquérito ao Emprego levado a cabo em 2005? De um modo muito resumido que ao contrário de outros europeus [estudos realizados por organismos da UE] 83.7 por cento dos portugueses que tem emprego [e com pelo menos um filho ou dependente a quem prestem cuidados] não deseja alterar a sua vida profissional para poder dedicar mais tempo a cuidar deles [da família]. Referindo-se por relação a esta família como agregados diferenciados [casais com filhos 46.8% e outros agregados 46.6] remata que a percentagem de casais com filhos vai decrescendo, a tal ritmo que uma família se designará grande se ao casal se juntarem dois filhos. No artigo que me sirvo de mais imediata referência [jornais público, on-line há muitas horas atrás e impresso de domingo 20] a jornalista [Clara Viana] opta por anexar dois parágrafos finais com uma temática versando diferentes recolhas [de fonte diversa] e objectivos outros, seguramente, que apenas a oportunidade de terem sido 'também divulgados esta semana' parece justificar. Ora sendo [para mim] curta a justificação, já a associação a que se permite justifica uma adenda aos comentários que fomos expedindo.

Vamos então aos dois parágrafos [resultantes de um estudo atribuído à Marktest] porque tendo sido guardados, pela jornalista, para o fim [remate final] condicionam e impõe uma associação. E esta remete para a casa, a arquitectura também. No essencial transcrevem data relativa aos equipamentos que recheiam a casa dos portugueses [e as tendências notadas em passado próximo]: frigorifico, fogão, televisão e máquina de lavar a roupa em quase 100% dos lares, leitores de dvd 62.3%, computadores 45.4%, ar condicionado 9.7%, aquecimento central 13.9%. Ora se no seu conjunto estes dados [data] sugerem à autora do artigo a possibilidade de associar, afirmando que 'as casas podem ter menos gente, mas ganharam em conforto' o remate final repesca a fraca presença dos equipamentos minoritários para dar corpo às duas sentenças: a escassez destes equipamentos [os tais que dão frescura ao verão e aquecem os invernos] deve ser considerada a par da má qualidade da construção em Portugal e levada em conta como responsável de uma situação 'também já identificada em vários estudos da UE: entre os europeus , os portugueses são dos que mais sofrem de frio (ou calor) dentro de portas.' Escreveu pois, da gente, da casa e do conforto. Da arquitectura, talvez.

Vai já demasiado longo este exercício [dada a natureza do meio] pelo que o desdobramento se recomenda.

Fiquem com o Hans Rosling [que vivamente se recomenda, de novo] e atentem no que se passou e vai passando no mundo em que vivemos nos últimos 45 anos [1962.2007].



[este tema continua, logo que seja possível ...]


Saturday, May 19, 2007

livre | ocupado


clique onde achar mais conveniente para ver o vídeo

Por todo o mundo as aldeias ficam desertas, enquanto milhões de pessoas se juntam nas cidades, para viver como ocupantes, em auto-construídos acampamentos e emaranhados bairros de lata. E Stewart Brand diz que é uma boa coisa. Porquê?

Descubra em 3 minutos, no video da conversa TED : Why squatter cities are a good thing

No pacote segue também a música de Brian Eno
[Just Another Day o Earth]

adaptado da apresentação no site de TED | ideas worth spreading


vista daqui



Vista daqui a capital [Lisboa] é o teatro de todos. Acontece que descartado o dom da ubiquidade fica o que nos dão [salvo seja! e a cores] os filtros da mediatização. Assim da carne e osso da arena sobram apenas os desejos que o poder alimenta e difunde [seja este quem quer que seja]. Construída assim a imagem da capital do desejado império ficamos mais próximos desse vórtice umbilical que consome o imaginário de muitos e muitos dos que nele se foram imaginando.

Vem esta crónica a propósito das muletas do poder e dos olhos que as não querem ver.

Tudo o que se vem discutindo está na ordem do ‘arquitectonicamente’ possível e politicamente correcto.


Ficam assim entrelaçados o desejado, o possível e o correcto. Nos bastidores [que no teatro do povo são o que mais interessa e na difusão o que menos se revela] os políticos e os arquitectos.

Na memória de todos permanecem ainda hoje as avisadas conjecturas de Gonçalo Ribeiro Teles, um arquitecto que faz da sua diferença a diferença que colhe o respeito de muitos outros arquitectos. Ou, de má memória, os descalabros que a exposição da vida [mais que privada?] pode trazer aos arquitectos, ainda que a reputação já os referenciasse.
Poderes de sempre, e também os mais recentes, invocaram os arquitectos [alguns em vão, pecaminosamente…]: Abecassis, Siza pa
ra reconstruir, 'diversos da constelação' para a Expo, e depois Gehry p’ra roleta. E um pequeno rol de cuidadas hierarquias, esboçadas, consentidas, nomeadas, contidas, alimentadas, promovidas, necessárias.

O melhor da direita não ortodoxa, alternativa [Maria José Noqueira Pinto] percebeu e agarrou no 'descarrilhado' que sobrava ao pavão para sedimentar as ideias e os olhares sobre a cidade [e provavelmente erguer a inveja do engenheiro e acelerar a construção do muro e a derrocada que se lhe seguiu, ainda bem para bem de todos].

Chegamos então ao tempo presente.

De referência em auto-referência a arquitecta indica a politica [ela mesma] para candidata e salta, antes mesmo que tenha sido dado o tiro
de partida [diz a carta que se escapou para o mundo] e quem pode [e manda] não a trata com a deferência que ela própria e apoiantes exigem.
Ficará pois independente [etiqueta que vai bem com arquitectura no feminino]. Mulher de armas e armada com a arquitectura e a independência. Do lado de quem pode recolhe-se a arma que parecia abandonada. E mesmo com a dependência que o partido sugere, ou obriga, o arquitecto, namorado em bloco e acompanhante da zezinha por Lx, avança. Terá pois a capital, certamente, um número dois que colocará a arquitectura onde sempre esteve, no poder. Deste modo se revela o que muitas vezes fica [para mal de todos] na oposição aparente.



Devo acrescentar que vista daqui a escolha do arquitecto para a capital agrada ao dragão portuense mais que aos poderes da invicta. Não se esqueça do conflito de poderes que mexeu com o trabalho do arquitecto na cidade do Porto, propondo [projectando] e ajudando a fazer cidade. Quiseram, a miopia e a dona Laura, comercializar a cidade e [para quem não esqueceu as razões e o desvairo de então] hoje já se podem certificar do jogo de absurdos que alimentava. Entre malabaristas e balões lá foram consumindo as trocas e os favores, e de contas à moda do Porto nada.



Sunday, May 6, 2007

na [a]




casa da música [não foi onde estive hoje, domingo, embora à noite um concerto da carla bley fosse hipótese]: 'a' pode ser vista de modos, como se queiram ou possam. Os que se juntam [referem visitas em 17 e 19 de abril] são na. [podendo também ser da] ...



outra vez a vizinha do lado

Saturday, May 5, 2007

flash back

[...]

12:06:38 de sábado 05 de maio de 2007
[...]

18:03:02 de quarta-feira 29 de março de 2006
[...]
trata-se
de um edifício para habitação colectiva que se destaca pelo bom gosto da sua fachada e pela excelência dos seus detalhes arquitectónicos
[...]
de uma orientação projectual que funde as diversas funções residenciais com as novas exigências da nova cidade.
[in guia da arquitectura moderna: porto
f.fernandes e m.cannatà | asa:2002]
[...]

bloco residencial manuel duarte [1945]
rua de santos pousada 1041.1049
porto
januário godinho
[1910.1990]

arquitecto

da cidade do porto

par ou ímpar?

... aniki-bébé ... aniki-bóbó
... passarinho tótó ... berimbau, cavaquinho ... salomão, sacristão ...
tu és polícia ... tu és ladrão



Friday, May 4, 2007

a cidade e o campo


ou a mais sintética [profissional, política, académica e hermética] relação que se expressa como cidade-campo acode-me todas as sextas-feiras. Qual pavloviano reflexo dos tempos de meninice [nesse tempo íamos à aldeia, à nossa aldeia] uma espécie de contagem decrescente impregnada no mais visceral dá de si, como que a apontar para o fim-de-semana com que a natureza nos viria brindar. Só que agora já não salivo [se é que o efeito não desapareceu de vez na adolescência final]

assisto contudo a essa azáfama com que os rurais [que temporariamente se radicam na cidade de domingo à noite a esta mesma sexta ao fim da tarde] se vão desprendendo da lufa-lufa urbana. Desde quinta a reconfigurar as mercadorias que do hiper seguem para as arcas, acomodando-as no suv com o respeito devido à camaleónica empresa de transformar o mundo durante 48 horas por semana, partem contentes deixando-nos [e] a [à] cidade [cidade]

sim, que eu a minha tribo não deixámos o pantanal urbano por dá-cá-qu'ela-palha [afinal as cidades são até menos tensas ao fim-de-semana e oferecem a oportunidade à preguiça que o trabalho deixa reclamar]

por outro lado diz-me a imaginação e a experiência da trabalheira com que se alimentam essas excursões [e incursões] ao campo, ao património natural, ao vernacular domicilio, à gastronomia autêntica, ao piscatório, ao serrano, à quinta, à ... [a lista engorda, refina-se, varia, especializa-se, apetrecha, organiza-se, selecciona]

segunda-feira encontramo-nos todos, outra vez, e apenas as picadelas dos mosquitos nos distinguem.

comum com muitos tenho a aprendizagem pendurada nos acidentes da história e da vida que são as [chamadas] marcas geracionais: pós-guerra, 50's, 60's, 70's e por aqui fora. Ainda que sejam [cada uma por si] gavetas desarrumadas e expressões [de]limitadas fazem parte de um universo de referências que facilita as indexações mais simples [e as simplórias também]. Serve o comentário para introduzir o vídeo que escolhi para ilustrar a primeira parte desta ultraleve crónica dedicada a esse intrincado amplexo cidade-campo: viver no campo [green acres no original] foi série televisiva de que se encontram marcas na formação de muitos de nós [eu cá por mim vou mais pela tese da lisa do que que pela do oliver].



] no topo: algumas imagens de hoje [frescas portanto] no centro da cidade e que estão na origem dos pensamentos expelidos [



Thursday, May 3, 2007

vamos à bola

pois venho sendo indiciado por distanciamento das coisas deste mundo.



convirá antes da crónica esclarecer:

1.os motivos próximos: a liga não vale o trabalho, os ingleses [3] e o italiano [1] têm dado bola q.b. para andar entretido ...

2...há debates, resumos, entrevistas, declarações, prognósicos, e todo um arrazoado pouco razoável a um ritmo alucinante ...

3... o
liverpool | chelsea foi demolidor ... o milan | manchester foi demolidor ...

4.os motivos menos próximos são paradoxalmente mais íntimos: não escondo a parcialidade [ver] e o gosto de ver jogar [cada vez mais apenas na televisão o que suspeito muda a visão do jogo]

tenho pois alguma dificuldade em falar [escrever no caso] acerca do jogo que vejo [vi] e extrair do jogo o caso que ocupa o espectáculo e consome a emoção [esgoto pois esta no jogo e fico exausto]
fico assim indefeso para o dia seguinte, o fora das quatro linhas, e outros rebola a bola públicos, semi-públicos e privados.

além do mais [refiro-me aqui aos comentários com que os acompanhantes verbais das transmissões televisivas nos maltratam] a erudição e ciência das análises escapa à mente simples e impreparada que apenas vê o jogo pelo jogo como jogo e que reserva a cinética, a balística e outras práticas para quem as pratica [the players of course já que de football se trata]

a magia do jogo e neste da avassaladora paixão que consome as multidões [e outros mais específicos grupos que cada um imagina, e de que muitos se aproveitam] tem de facto académicas contrapartidas: o jornal, o comentário, o estudo de caso são o acessório que [como na moda] parecem parasitar o essencial, mas são de facto outra modalidade.

por estas por outras [e esta crónica prova-o] o que fica é o jogo que o resto é conversa ...

vamos à bola!



a esolha foi decidida e acertada: a parcialidade e a emoção do último jogo que vi[vi] ao vivo [dragão...]


Wednesday, May 2, 2007

mmiiaauu



não sendo janeiro mas invocando a catwoman andamos por aí a cultivar o silêncio dos felinos [no espaço virtual, já se vê que no outro a vida tem predadores variados e o silêncio nem sempre é sinal de boa companhia]

no caso [mmiaauu] é apenas homenagem à dignidade e elegância com que exerce: domesticado mas livre, eterno vadio[a] vai cumprindo o imaginário que lhe dedicam as mais sortidas observações: que da água fria tem medo, que não cuida bem se esconder e muitas outras que lhe traçam a personalidade.

o gato [como a gata] pois é deles que falámos, é até sinónimo [metáfora de carne e osso] da incongruência vulgar com que aconselhamos a desconfiança: aqui há gata ...

... mmiiaauu ...


Tuesday, May 1, 2007

ripanço caseiro



entre sol e chuva o dia do trabalhador foi como o pudim flan e o conduto [para serenar os mais exigentes]: caseiro

para ajudar ao ripanço home cinema e música: um excelente filme [dvd claro está] de fernando meirelles baseado num romance do j.le carré [the constant gardener | 2001 livro 2005 filme]. Lembram-se de a cidade de deus do mesmo realizador?: mais uma história bem filmada e com fotografia de qualidade superior [o local ajuda mantendo um travo amargo que nos deixa com nervoso miudinho]

acontece que o filme [dir-se-á de todos ...] se cruza com a profissão arquitecto de um modo fantástico [deixo pistas para exploração]:

1.o anúncio, faz dias, de um grande projecto de intervenção na 'cidade' da rocinha, rio de janeiro [50.000hab | coordenação do arquitecto luiz toledo]

2.o já citado filme a cidade de deus [sobre o bairro de 40.000hab. em jacarépaguá, também no rio],

3.
kibera [2.2 milhões! | nairobi, kenya] parte do local de filmagens d'o fi
el jardineiro tal como a favela da rocinha foi objecto do livro 'shadow cities: a billion squatters, a new urban world' [london, routledge, 2000] que daria origem à conferência do autor robert neuwirth the "shadow cities" of the future [ted talks 2007 | 14:15min. de video para quem possa interessar]


ficam pois os temas à consideração.

quanto à música andou à volta dos acordeões de kimmo pohjonen [com e sem ktu] e richard galliano [com e sem trio]: ambos imperdíveis