Tuesday, July 10, 2007

os vereadores coristas



Adormeci com a
canção de Lx, um quase monocórdico uníssono a doze vozes gastas [havia dois fadistas esganiçados a tentar destoar mas é só porque da letra, nada]. A pompa e circunstância com que a produção engendra estas encenações convenhamos que também não ajuda. O vaivém ao exterior era um deserto doloroso e a ginástica dos câmaras [uns e outros por dever do ofício] de atroz desconforto. Desenganem-se os que acham que ainda há animais no zoológico político. Por vezes algum levantava ligeiramente a voz e, ora à esquerda ora à direita, lá se me levantava a pálpebra. A oficiante Fátima pedia aos candidatos que fossem mais sérios e menos políticos num desajustado exercício de rédea curta em manobra de salão nobre. A música ajudava aos maus presságios.

Num país que é só província com montra única pouco mais seria de esperar, e a um espectador localizado sem interesses imediatos apenas se mantém a dúvida da comparação entre pares. Ainda assim são cidades com rio a correr para o mar, até que o estuário quebre o ímpeto às cinzentas águas que se vão vertendo.

Quando acordei fiquei com sérias dúvidas acerca do entendido e o realmente sonhado. Será que ouvi a candidata afirmar que os problemas da cidade nada tem a ver com a arquitectura? Seria extraordinário, ou talvez não. Posso tentar compreender um primeiro que se esgueira para estar mais perto da Angelina Jolie, c’os diabos [à solta] e até um outro que se aconchegue às couves de Bruxelas, mas fugir alegremente de si a cada desafio… A cerzideira [como poderá vir a ser conhecida ainda que insista na acupunctura] resolve agora tudo com pequenas intervenções de ínfimos resultados como, ao invés, a ordem e a reforma da legislação em que se empenhou, empunhando publicamente a bandeira dos cidadãos pela causa do duvidoso seu a seu dono, faliu com a grandeza do gesto. Abandonados de mãos atadas. Reincide agora, esquecida a memória curta de trabalho, em debruar os passeios, pespontar as praças e casear o cabedal do tecido urbano. Valha-vos Santa Catarina, padroeira das costureiras! [a segunda voz do plural designa os provincianos que estão estacionados em Lx].

À cortesia despropositada de começar pelas senhoras associou-se o destilado profissional, o que desequilibrou o julgamento. Talvez, fica a dúvida.

Tirando os já citados fadistas e o produto da terra, ficam os profissionais a dar conta de si, que é como quem diz do seu eu. De exercícios desiguais uns fazem o que têm a fazer outros tentam fazer o que não sabem. Cinzentos deixam apenas recortar por contraste a única cabeça que se usa e os tem ainda fartos e negros, os cabelos. O Garcia Pereira nunca deixa créditos em mãos alheias, e perdoe-se[-lhe] a descabelada ideia de contribuirmos [ainda mais!] para o sustento da capital do império.

Domingo se verá com quantos paus se faz a canoa ao estuário.


2 comments:

AM said...

faço minha, sua televisão :)

p.BdeA said...

Boa noite. Isto de andar mal humorado faz mudar a cor do mundo [alguém tem qua as pagar!] E ainda é só rascunho o rescaldo do encontro de Serralves sobre o famigerado 7373... [estou a ponderar as consequências de uma eventual publicação...]@8-)