Friday, May 4, 2007

a cidade e o campo


ou a mais sintética [profissional, política, académica e hermética] relação que se expressa como cidade-campo acode-me todas as sextas-feiras. Qual pavloviano reflexo dos tempos de meninice [nesse tempo íamos à aldeia, à nossa aldeia] uma espécie de contagem decrescente impregnada no mais visceral dá de si, como que a apontar para o fim-de-semana com que a natureza nos viria brindar. Só que agora já não salivo [se é que o efeito não desapareceu de vez na adolescência final]

assisto contudo a essa azáfama com que os rurais [que temporariamente se radicam na cidade de domingo à noite a esta mesma sexta ao fim da tarde] se vão desprendendo da lufa-lufa urbana. Desde quinta a reconfigurar as mercadorias que do hiper seguem para as arcas, acomodando-as no suv com o respeito devido à camaleónica empresa de transformar o mundo durante 48 horas por semana, partem contentes deixando-nos [e] a [à] cidade [cidade]

sim, que eu a minha tribo não deixámos o pantanal urbano por dá-cá-qu'ela-palha [afinal as cidades são até menos tensas ao fim-de-semana e oferecem a oportunidade à preguiça que o trabalho deixa reclamar]

por outro lado diz-me a imaginação e a experiência da trabalheira com que se alimentam essas excursões [e incursões] ao campo, ao património natural, ao vernacular domicilio, à gastronomia autêntica, ao piscatório, ao serrano, à quinta, à ... [a lista engorda, refina-se, varia, especializa-se, apetrecha, organiza-se, selecciona]

segunda-feira encontramo-nos todos, outra vez, e apenas as picadelas dos mosquitos nos distinguem.

comum com muitos tenho a aprendizagem pendurada nos acidentes da história e da vida que são as [chamadas] marcas geracionais: pós-guerra, 50's, 60's, 70's e por aqui fora. Ainda que sejam [cada uma por si] gavetas desarrumadas e expressões [de]limitadas fazem parte de um universo de referências que facilita as indexações mais simples [e as simplórias também]. Serve o comentário para introduzir o vídeo que escolhi para ilustrar a primeira parte desta ultraleve crónica dedicada a esse intrincado amplexo cidade-campo: viver no campo [green acres no original] foi série televisiva de que se encontram marcas na formação de muitos de nós [eu cá por mim vou mais pela tese da lisa do que que pela do oliver].



] no topo: algumas imagens de hoje [frescas portanto] no centro da cidade e que estão na origem dos pensamentos expelidos [



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