Uma coincidência levou-me esta semana para várias e diferenciadas estatísticas. Há já alguns dias que havia decidido chamar a atenção para a abordagem relacionada proposta por Hans Rosling [transcrevo: Professor of International Health, Karolinska Institutet, Stockholm, Sweden since 1998, uses beautiful animated charts and minimalistic diagrams to explain the world we live in. Poverty, money and health can be seen at once shaping or being shaped by world events, technology and the passing of time]. Porque aceito este tipo data, o seu tratamento, e no caso a idónea figura do proponente, como relevantes para o campo da arquitectura. Quanto à performance deixo o correspondente vídeo, para que se veja [tedtalks2006].
Acontece que outras estatísticas tiveram tratamento jornalístico neste final de semana. Delas os comentadores extraíram títulos chamariz, cruzamentos e conclusões mais ou menos obtusas [e, querendo-as ou não, insinuações mais que discutíveis]. Embora sem o mérito que me havia seduzido na investigação e apresentação de H.Rosling [muito, muito longe disso!] também os artigos propostos se relacionavam [directa e indirectamente] com a arquitectura. E só por isto aqui os refiro.
Deixando o melhor para o fim [e este é também um bom tema para observar no futuro] vamos então às estatísticas que se cruzaram este final de semana.
Os portugueses que constituem família 'não querem ter mais tempo para a família' [!?]. A extravagância da afirmação sedimenta-se no fundo sobre o qual se destaca: 'ao contário da maioria dos europeus'. Assim feitos excepção, aves-raras, degenerados ou heróis [interessa mais a diferença que se exige, o desvio, do que qualificativo] os nativos ficam cercados, circunscritos, portugueses. Bom, mas o que dizem os dados do INE que agora se divulgam e que estavam contidos no Inquérito ao Emprego levado a cabo em 2005? De um modo muito resumido que ao contrário de outros europeus [estudos realizados por organismos da UE] 83.7 por cento dos portugueses que tem emprego [e com pelo menos um filho ou dependente a quem prestem cuidados] não deseja alterar a sua vida profissional para poder dedicar mais tempo a cuidar deles [da família]. Referindo-se por relação a esta família como agregados diferenciados [casais com filhos 46.8% e outros agregados 46.6] remata que a percentagem de casais com filhos vai decrescendo, a tal ritmo que uma família se designará grande se ao casal se juntarem dois filhos. No artigo que me sirvo de mais imediata referência [jornais público, on-line há muitas horas atrás e impresso de domingo 20] a jornalista [Clara Viana] opta por anexar dois parágrafos finais com uma temática versando diferentes recolhas [de fonte diversa] e objectivos outros, seguramente, que apenas a oportunidade de terem sido 'também divulgados esta semana' parece justificar. Ora sendo [para mim] curta a justificação, já a associação a que se permite justifica uma adenda aos comentários que fomos expedindo.
Vamos então aos dois parágrafos [resultantes de um estudo atribuído à Marktest] porque tendo sido guardados, pela jornalista, para o fim [remate final] condicionam e impõe uma associação. E esta remete para a casa, a arquitectura também. No essencial transcrevem data relativa aos equipamentos que recheiam a casa dos portugueses [e as tendências notadas em passado próximo]: frigorifico, fogão, televisão e máquina de lavar a roupa em quase 100% dos lares, leitores de dvd 62.3%, computadores 45.4%, ar condicionado 9.7%, aquecimento central 13.9%. Ora se no seu conjunto estes dados [data] sugerem à autora do artigo a possibilidade de associar, afirmando que 'as casas podem ter menos gente, mas ganharam em conforto' o remate final repesca a fraca presença dos equipamentos minoritários para dar corpo às duas sentenças: a escassez destes equipamentos [os tais que dão frescura ao verão e aquecem os invernos] deve ser considerada a par da má qualidade da construção em Portugal e levada em conta como responsável de uma situação 'também já identificada em vários estudos da UE: entre os europeus , os portugueses são dos que mais sofrem de frio (ou calor) dentro de portas.' Escreveu pois, da gente, da casa e do conforto. Da arquitectura, talvez.
Vai já demasiado longo este exercício [dada a natureza do meio] pelo que o desdobramento se recomenda.
Fiquem com o Hans Rosling [que vivamente se recomenda, de novo] e atentem no que se passou e vai passando no mundo em que vivemos nos últimos 45 anos [1962.2007].
[este tema continua, logo que seja possível ...]
Sunday, May 20, 2007
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3 comments:
nice blog
Olá, outra vez! O gráfico é muito bonito e relaxante, o resto deixa-me a pensar...
Olá mg [já não nos víamos, por aqui, há uns tempos...]. Ainda bem que o trabalho não vai sendo em vão [e não de escada...]. Também a mim os gráficos [estes!] fascinaram, duplamente: porque em si próprios são a comunicação no seu melhor, eficaz, e porque os temas que se relacionam são, de facto[s] muito importantes. Dá para pensar, estamos muito de acordo. Obrigado pelo apoio. Logo vemo-nos.
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