Monday, April 2, 2007

as varandas, essas ...

Gosto, confidencialmente, da referência que este particular arquitectónico ganha, no Grande Dicionário da Língua Portuguesa, quando é caracterizado, topológica e funcionalmente, como recinto adjunto à casa de habitação onde dormem criados e hóspedes. Porque, não especificando em demasia, abre à imaginação as mais variadas hipóteses de ocupação e respectivas derivações e sincronias.

O exemplo que a imagem colheu, urbano, mostra uma dessas varandas que com variantes descem do cabo Finisterra até ao Porto. E é aqui, a escassos metros da modernidade, que ainda hoje pode ser, pelo menos, fotografado. Assim o documenta este testemunho de domingo 1 de Abril. Ontem.

Com a Páscoa à porta e à espera das visitas que o calendário nesta ocasião soma à recém-chegada primavera, só o facto de os criado(a)s poderem ser – e a sugestão não invoca azedume ou desprezo – devidos a leste ou aos trópicos, suscitaria, a muitos, o desejo de pernoita no referido espaço. Cuidem-se pois aqueles para quem o património seria o exemplo do bom senso e do recato.

Imagine-se logo o que numa próxima campanha poderia referenciar a nossa terrinha no pacote dos seus iluminados atractivos. Ao bom gosto, ao charme, ao condomínio mais ou menos fechado, aos parques, ao metro, à elegância, enfim a todos os eteceteras com que temos vindos a ser bafejados, poderíamos acrescentar a vernácula varanda – porque não tão portuense como as francesinhas ? – e assim proporcionar a quem nos procura mais um item para decidir a preferência.

Alegre-se pois a economia doméstica com a arquitectura que se serve.

As varandas, essas, foram-se consumindo em marquises.

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