Tuesday, April 10, 2007

a visão interior das palavras

ainda que mudo

do Eça já tinha lido quase tudo que havia para ler [faltava a desgraça das rua das flores] ainda nos limites da adolescência, sem censura e com estímulo, na indolência das férias grandes em casa da minha avó.

A essa leitura se somou bem cedo o testemunho da realidade ficcional: nesses mesmos dias quentes de verão interior as noites eram servidas com cinema.


Assim vi, do jardim, na caiada parede do quarto grande, ao pé da japoneira e da magnólia, evoluir personagens de carne e osso do primo basílio, do amor de perdição, dos fidalgos das pupilas e de outros - depois dos documentários
pathé e das piruetas do carlitos e do pamplinas caixeiro.

Aprendi assim [julgo] a reforçar a visão do que lia, havia lido ou viria a ler.

A fantástica experiência do quotidiano de transformar imagens - estáticas paradas mortas - na ficção extraordinária que nos põe a pensar. Arrancadas à vida real.

A arquitectura são [também] essas visões interiores da realidade. Penso.







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