Friday, April 27, 2007

Ростропо́вич e os muros



Мстисла́в Леопо́льдович Ростропо́вич
[n. azerbaijão, baku, 27 de março de 1927 | m. rússia, moscovo, 27 de abril de 2007]

deu música ao mundo

andava eu entretido com o prazer de ouvir [em oportunidade económica e digital] as jazz suites de dmitri shostakovich, recordando o último e inacabado kubrick quando [associando] o sempre de cabeceira discípulo slava se iluminou sob o laser do leitor [hoje, 10:00]: j.s.bach cello-suiten [se alguém alguma vez possa ter reparado foi a ocasião de referência nos etc's]

quis a coincidência fazer-se notada quando horas depois a notícia da sua morte [hoje, a hora triste] me motivou esta escrita

o homem para quem o silêncio não era de ouro, abrira a boca de razões e a carta foi pública, notória [
in an interview with the BBC World Service in 2002, he said that the letter to pravda was the best thing he had done in his life] e gota incómoda no copo de vodka com que a intolerância se entorpecia: em 1974 o cidadão que seria do mundo teve que saltar o muro, em '75 a cidadania cccp foi-lhe retirada.

naturalizado americano e prestigiado por todas as razões a excepcionalidade do músico mais afrontava, e o tempo lhe traria a conjunção [por duas vezes o muro serviu a preceito e as suites de bach acompanharam]: berlin 1989 o inesperado e expontâneo slava surpreendeu, 10 anos depois [berlin, 1999] reincidente, comemora o muro que é já [e só] arquitectura e arte.



entre os muros derrubados [transformados, como o artista exige] apressa-se o poder a adoçar a história e dourar o silêncio [porque até os surdos tiveram que lhe ouvir a multifacetada voz]:
Mstislav Leopoldovitch Rostropovich regressa [1990, dezasseis anos depois] a moscovo, reabilitado.

'a brilliant cellist and gifted conductor," but also "a firm defender of human rights' foi como ao actual poder o definiu há exactamente um mês no seu 80º aniversário [no hospital da capital russa onde estava já internado, havia tempo]; 'uma perda terrível para a cultura russa' acrescentou hoje o presidente, no dia da morte ...

que se mudem os tempos pois, que se mudaram as vontades



gostaria de ter colocado o prelúdio da suite nº1 mas não encontrando vídeo disponível de momento [e do slava] fica, também de bach, o bourrée [suite nº3] que sendo leve e dança se imagina a derrubar muros enquanto o mundo pula e avança ...



1 comment:

Anonymous said...

Well written article.